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quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Família Diferente



Fiquei uma semana som ver o Thomas. Como o feriado do dia 12 com o outro do dia 15 sugerisse emenda, a escola diz que “antecipou” lições e concedeu folga à turma. Thomas aproveitou para aceitar o convite de praia e assim passou alguns dias em Ubatuba, com seu amigo Rolf e seus pais. Veio cheio de novidades:

- São legais, Celso, muito legais. Mas são também muito diferentes...

- Diferentes em que quê? Thomas. Explique melhor. Sei que esse seu amigo é europeu e quando ainda bebê seus pais vieram morar em nossa Terra. Você quer dizer que a culinária é diferente? São diferentes, por acaso, as roupas que usam?

- Não Celso. Comem mais ou menos a mesma coisa que a gente e também se vestem de maneira normal, mas são diferentes porque a vida deles parece girar em torno dos livros. São atentos a tudo e a qualquer momento param de ler, para atender o que a gente pede. Mas, se vão para a praia a primeira coisa que pegam é o livro e na casa deles existem livros em toda parte. Parece até um novo tipo de decoração. Livro no banheiro e até aí acho normal, mas também livro no terraço, na sala, nos quartos e até mesmo na cozinha. Incrível.

- E o Rolf, Thomas? Também gosta de ler?

- Gostar, Celso? Acho que já não é nem gostar. Aquela turma tem é paixão pela leitura. Outro dia, a mãe do Rolf lá na praia perguntou se ele tinha trazido o Bloqueador Solar e ele, envergonhado, voltou correndo para pegar, mas o livro o cara não esqueceu. Fiquei pensando “uma cara branquelo como ele, vem a praia e esquece o bloqueador, mas não esquece sua leitura”. Nunca vi uma família assim tão vidrada!

- E você acha isso errado, Thomas?

- Não acho errado, acho que eles são diferentes. Quando os pais conversam com os filhos, quase sempre falam dos livros que estão lendo e na viagem descobriam nas pessoas que passavam os personagens de suas leituras. Achei engraçado que o Rolf e a sua irmã nunca disseram que os pais os obrigam a ler. Não liam por obrigação, liam pro prazer. Liam para brincar com as palavras, para imaginar e para imaginar-se, para sonhar.

- E na escola Thomas? Como é o desempenho desse seu amigo Rolf? E da irmã dele? Devem ser ótimos em literatura, não?

- São ótimos em tudo. Sabem tudo, opinam sobre tudo. Tem hora que o assunto vai para o futebol, todo mundo tem palpite, mas o Rolf tem opinião. Sabem coisas da nossa política que nos nem imaginamos e vivem com os olhos grudados no mundo.

- São legais, Celso, muito legais. Mas são também muito diferentes...

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